Nação - Crítica no blogue Bela Lugosi is Dead
No dia em que o mundo acaba... o jovem Mau vai a caminho de casa, vindo da Ilha dos Rapazes. Em breve, será um homem. É então que chega uma onda enorme, que arrasta consigo a noite escura e um navio, o Doce Judy. Quando a marcha do navio é travada com estrondo, apenas uma alma sobrevive (ou duas, incluindo o papagaio).
A aldeia desapareceu.
A Nação, tal como a conhecia, desapareceu. Resta apenas o jovem Mau, que não veste quase nada, uma rapariga dos homens-calças, que veste demasiado, e um monte de mal-entendidos. Resta também uma grande quantidade de não-saber-o-que-fazer, ou lá como se diz. Juntos, deverão construir uma nova Nação a partir de fragmentos. E construir uma nova história.
O autor de Discworld volta a terras lusas com a publicação de Nação. Quem ainda não leu nada de Terry Pratchet, certamente ficará rendido ao humor mordaz e às intervenções inteligentes e tão profundamente britânicas.
De uma forma inteligente e perspicaz, Pratchett leva os leitores pela mão numa viagem até uma ilha devastada por uma onda. Deslumbra-nos com as formas inventivas com que um rapaz tenta construir uma nova sociedade, novos costumes, desafiando e dissecando tudo o que havia antes dele.
Apesar de um ritmo um tanto ao quanto lento na primeira metade do romance, a narrativa consegue "isolar o leitor naquela ilha". Pratchet faz o leitor sentir todas as dificuldades de Mau, de Daphne e do papagaio, para se adaptarem às novas circunstâncias e construir uma nova Nação, onde os Antepassados são respeitados e venerados em vez de temidos...
Nação é uma sátira mordaz à sociedade consumista, materialista e presa a falsos ritualismos... Encontra-se recheada de indivíduos aprisionados a rotinas que são incapazes de questionar, pôr à prova e construir tudo novamente. Persuadindo cada um de nós a reconstruir as nossas crenças e hierarquias de valores, conforme a realidade que vivemos, olhando o passado e reorganizando o futuro da nossa Nação...
Estamos então perante um livro de fantasia muito bem estruturado, coerente e cuidadosamente construído, povoado com personagens multi-dimensionais...
É certamente, mais um autor para o rol de "a seguir". Ficamos impacientemente à espera de mais obras de Terry Pratchett em português...
Para seguir no blogue Bela Lugosi is Dead.
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