Acabo agora de ler o "Swords Against Death", segundo desta colecção, e adorei. Confesso que pelo final já estava um bocado farto, mas isso deve-se mais à minha falta de prática a ler em inglês e ao meu excesso de trabalho, do que à obra própriamente dita.
Leiber é surpreendente, embora esteja muito longe de Howard em termos de emoção, acho as suas histórias melhor construídas e os seus personagens mais humanos. De uma forma gosto particularmente da forma como ele escreve, as histórias oscilam entre a mundanidade e a lenda. É surpreendente como os mesmos dois heróis que num conto armam uma rixa com um grupo de ladroezecos, da qual só por sorte sem vivos, no conto seguinte viajam até ao outro lado do mundo para defrontar a própria morte. Há apenas uma falta: mulheres semi-nuas são quase uma presença obrigatória no
sword and sorcery e nisso os nossos herois assumem papeis muito castos, depois da morte das suas amadas.
Em oposição a um Conan bastante seguro de si, transpirando masculinidade e derrotando pela força física qualquer mal que se lhe enterponha, Fafhrd e Mouser mostram bastantes indecisões, por vezes algum medo e colocam-se várias vezes em situações de perigo das quais só conseguem sair com apoio mútuo. Em oposição ao primeiro que não olha a meios para atingir os fins e sai sempre vitorioso, estes dois mostram alguma ética e os seus objectivos de lucro saem quase sempre gorados (mas acabam sempre por praticar uma boa acção).
Há uma coisa que me falha: no primeiro volume o Gray Mauser é apresentado como aprendiz de feiticeiro e até o vemos fazer alguns pequenos feitiços, mas daqui para a frente nunca mais isso acontece. Ele passa a ser o trapaceiro lingrinhas mas cheio de truques, em oposição à força bruta de Fafhrd, mas não mais um feiticeiro. Isso eu não compreendo.