Achei a ideia absolutamente genial, desde o modo como o livro está organizado às próprias “ilustrações”. Desde as elaboradas introduções, com fotografias e tudo, está fantástico!

No início custou um bocado adaptar-me às diferentes fontes e paginação, sobretudo devido à “falha” entre a parte 1 e a parte 2 d’
A Expedição dos Mortos (no índice, a 2ª parte está na p.69 e isso acontece se as páginas forem contadas após a introdução, mas para quem quer encontrar o conto a partir do índice não é fácil). Mas depressa me habituei, e vi que não só esta opção fez todo o sentido, como deu ao livro um charme irresistível.
Quanto aos contos em si, apesar de nenhum deles ser muito marcante, estão, de um modo geral, bastante bem conseguidos, tendo prendido a minha atenção até ao fim.
O único em que isso não aconteceu foi no
Mais do Mesmo. Por aquilo que percebi por aqui, é o único escrito por um escritor já conceituado, e peço desde já as minhas desculpas a quem refere este como sendo um dos melhores, senão o melhor, conto do livro, até porque não sou, de todo, crítica literária. Mas está provado que o género da FC (que geralmente aprecio em cinema e TV), não me atrai em literatura - o único livro que me despertou interesse e admiração foi o
Duna, e mesmo esse, não me conseguiu “apaixonar” verdadeiramente.

Neste livro, os meus contos favoritos foram:
-
A Expedição dos Mortos – prendeu-me logo a atenção, com um início à James Bond, desenvolvimento à Indiana Jones e final à Lovecraft.
-
A Ilha – Um ambiente sombrio e sufocante, um protagonista no limite, o encontro com o transcendente mítico. Muito Lovrecraftiano, com todos os seus “defeitos e virtudes”.
-
A Noite do Sexo Fraco – Embora de certo modo já se adivinhasse, a ironia do título assenta-lhe que nem uma luva. Adorei o estilo de narração, em volta dos pensamentos do feiticeiro louco, e partilhado quer com o censor, quer com os comentários do editor.
-
O Inconsciente – Fantástico! Arrepiante no seu horror, tocante na sua tragédia. Não muito original, é certo, mas com uma “aura” muito negra que me cativou desde o início.
-
Noites Brancas – Em luta com
O Inconsciente pelo lugar de favorito, achei-o muito envolvente. Com uma temática a lembrar-me o Robert Matheson, e um ambiente a lembrarem-me dos clássicos de Poe, foi um conto que prendeu verdadeiramente a atenção, sempre com um arrepiozinho de inquietação.
Entretanto, tenho uma enorme curiosidade em saber os nomes verdadeiros dos autores dos contos. Eu sei que é cusquice, mas mais ninguém se sente assim?

Numa busca pela web, a tentar saber esses nomes, encontrei bastante artigos sobre esta antologia, e neste
http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=36538referem o Luís Corte Real como autor de dois dos contos. Bem, procurava os nomes dos “artistas” e descobri um deles, mas não se sabe quais são os contos, e nada diz sobre os restantes. Alguém se acusa?

Pesquisas à parte e em jeito de conclusão, este
Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa foi uma ideia absolutamente brilhante, uma opção de marketing bastante interessante e, sobretudo, um resultado final muito, muito atraente.
Original e desafiante. Vanguardista e genial!
O Luís Filipe Silva, o Luís Corte Real, bem como toda a equipa da SdE, merecem um grande aplauso de pé!
Obrigada!